Autor: Pedro Reinaux

Cadastro no CAF é obrigatório para agricultores acessarem indenizações e o PTR Rural

Agricultores familiares da região atingida pelo rompimento da barragem de Fundão precisam estar atentos a um critério essencial para acessar indenizações e benefícios da Repactuação: a inscrição no Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF). O tema foi debatido em reunião realizada na sede da Emater, em Santa Cruz do Escalvado, com a presença da Assessoria Técnica Independente (ATI) Rosa Fortini.     O CAF é um documento obrigatório para produtores rurais acessarem políticas públicas, como crédito subsidiado, mercados institucionais e programas de apoio ao setor agrícola. “Criado pela Lei 11.326/2006, ele identifica e qualifica as Unidades Familiares de Produção Agrícola (UFPA), garantindo que os agricultores familiares tenham acesso a direitos específicos.” diz Arturo Andreazzi – coordenador regional da Emater Quem pode se cadastrar no CAF? O Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF) é essencial para agricultores familiares acessarem políticas públicas e benefícios, incluindo indenizações previstas na Repactuação. Para se enquadrar no CAF, é necessário atender a alguns critérios específicos: I – Não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;  II – Utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;  III – Tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento;  IV -Dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.    Documentação Necessária   📌 Documentos pessoais (de todos os membros da Unidade Familiar de Produção Agrária – UFPA, maiores de 16 anos): ✔️ CPF (obrigatório para maiores de 16 anos) ✔️ Comprovante de residência da UFPA 📌 Autodeclaração ou comprovante de renda dos últimos 12 meses  (um desses documentos) (todos os membros): ✔️ Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) ✔️ Bloco de Produtor Rural ou relatório de Emissão de Nota Fiscal Eletrônica – Nfe ✔️CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais) ✔️Declaração Comprobatória de Percepção de Rendimentos (Decore) contábil. ✔️Antodeclaração da renda auferida pela Unidade Familiar de Produção Agrária (Anexo I)   📌 Cópia da documentação comprobatória de propriedade ou posse legal da terra:  Propriedade da terra (um desses documentos): ✔️ Certidão de matrícula do imóvel ✔️ Escritura ✔️ Cadastro Nacional de Imóveis Rurais (CNIR) ✔️ Comprovante do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) Posse Legal (um desses documentos) ✔️ Contrato de arrendamento ✔️ Contrato de parceria agrícola ✔️ Contrato de comodato  ✔️ Contrato de meação ✔️Cessão de direito sobre o imóvel ✔️Termo de autorização de uso sustentável (União ou Prefeitura Municipal) ✔️ Autodeclaração de ocupação de área de terra ✔️Declaração de consentimento para ocupação ✔️Autodeclaração de extrativista não ocupante ✔️Escritura pública de doação ou compra com reserva de usufruto ✔️Certidão de Cadastro de Imóvel   📌 Documentos adicionais (quando aplicável): ✔️ Comunidades quilombolas e indígenas → Autodefinição de identidade étnica e pertencimento étnico-indígena ou étnico-quilombola ✔️ Pescadores(as) → Registro de Pescador Profissional, categoria artesanal ✔️ Extrativistas → Autodeclaração de extrativista não ocupante de área de terra   A Emater tem alguma publicações sobre o CAF: 📌 Manual de Introdução ao CAF : https://conafer.org.br/wp-content/uploads/2022/11/manual-caf-2022.pdf 📌 Informações gerais sobre o CAF – Emater MG : https://www.emater.mg.gov.br/download.do?id=88327 📌 Cartilha explicativa sobre o CAF – https://www.tnc.org.br/content/dam/tnc/nature/en/documents/brasil/cacau-floresta/CartilhaCAF_CacauFloresta_A4_16.03.23.pdf   CAF e a Repactuação No contexto da Repactuação, apenas agricultores que possuem propriedades a até 5 km dos rios Doce e Gualaxo poderão acessar indenizações. Para isso, o cadastro no Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF) é essencial, garantindo o acesso a direitos e apoio para a continuidade das atividades produtivas. No entanto, a Emater não define a elegibilidade dos atingidos, apenas orienta sobre o cadastramento. Além disso, o Programa de Transferência de Renda (PTR) foi criado para apoiar agricultores familiares e pescadores(as) artesanais impactados pelo rompimento da barragem de Fundão. O benefício pode durar até quatro anos, com pagamentos mensais de 1,5 salário-mínimo nos três primeiros anos, seguidos de um salário-mínimo por mais um ano. Para acessar o PTR-RURAL, é necessário estar cadastrado no CAF ou na Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) até março de 2025 e atuar em uma propriedade rural dentro do limite estabelecido. No caso do PTR-PESCA, é exigida a Carteira de Pescador Profissional ou o protocolo de solicitação do registro até 30 de setembro de 2024, além de residência em um dos municípios atingidos da Bacia do Rio Doce. A gestão do PTR será feita pelo governo federal, com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), responsável pelo PTR-RURAL e o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) pelo PTR-PESCA. A ATI Rosa Fortini segue acompanhando o processo, garantindo que as informações sejam acessíveis e que as comunidades possam tomar decisões com autonomia.

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Consulta Prévia e Regularização Fundiária: Comunidades discutem direitos no Novo Soberbo

 “O homem chega e já desfaz a natureza. Tira a gente, põe represas e diz que tudo vai mudar.” A letra de Sobradinho de Sá e Guarabyra diz muito para as comunidades ribeirinhas. Por isso, o trecho foi  o início de uma reunião muito importante para o povo tradicional de Novo Soberbo, em Santa Cruz do Escalvado. Com o objetivo de esclarecer dúvidas, a Assessoria Técnica Independente (ATI) Rosa Fortini realizou mais uma rodada de Núcleo de Base. O objetivo foi tocar em temas importantes, como: o direito à consulta prévia, livre e informada. A atividade abordou os protocolos de consulta previstos na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Processo de Regularização Fundiária do Estado de Minas Gerais. A legislação estabelece que os Povos e Comunidades Tradicionais devem ser consultados sobre qualquer decisão que impacte seus territórios, como aquelas previstas no Acordo de Repactuação. Direito à informação e à participação A mobilização busca garantir que os moradores conheçam seus direitos e saibam como se organizar para reivindicá-los. “A mobilização era chamada de ‘A Cara da ATI’. A gente tem essa função de manter um contato direto com a comunidade”, explica Francis Costa, mobilizador social da ATI. Segundo ele, muitas pessoas se identificam como “filhas do rio” e sentem que sua relação com o território precisa ser respeitada. Para Karina Coelho, doutora em Antropologia e assessora de Ciências Sociais da ATI, encontros como esse fortalecem as comunidades. “A importância desse encontro aqui hoje é trazer informação sobre seus direitos. O conhecimento é a principal arma de luta delas.” O trabalho da ATI segue focado em garantir que as comunidades tenham voz e participação ativa nos processos que envolvem suas vidas e seus territórios.    

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Produtores rurais discutem o futuro das obras do COMPAC

Produtores Rurais reunidos com prefeitura de Santa Cruz do Escalvado, em Florestinha – Foto: PH Reinaux/ATI Rosa Fortini Acordo parado Na quarta-feira (22), a ATI Rosa Fortini reuniu-se com produtores rurais do Florestinha, em Santa Cruz do Escalvado. O objetivo foi debater o andamento do COMPAC, acordo firmado entre a Prefeitura, a Samarco e as pessoas atingidas. O compromisso, estabelecido em 2022, busca recuperar propriedades ao redor do lago da Hidrelétrica de Candonga e garantir participação e fiscalização das ações reparatórias. Obras atrasadas Mesmo após dois anos, quase nenhuma das obras ambientais e agrícolas foi realizada. Na infraestrutura, nada foi feito. Diante disso, os produtores agora avaliam converter a obrigação de fazer em obrigação de pagar, ou seja, receber a indenização em dinheiro ao invés da execução dos projetos. Próximos passos Durante a reunião, ficou decidido que será enviado um ofício solicitando acesso à planilha orçamentária. Somente após essa análise os produtores poderão escolher entre receber em pecúnia ou manter a execução das obras.    

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1ª Conferência Intermunicipal de Meio Ambiente (CIMA) Ponte Nova – MG

Com o tema “Emergência Climática: os desafios da transformação ecológica”, a 1ª CIMA reuniu representantes de 22 municípios, incluindo pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, para discutir propostas sobre a crise climática e os processos de reparação ambiental e social na Bacia do Rio Doce. Realizada pela Associação de Municípios da Microrregião do Vale do Rio Piranga (AMAPI) e pelo Centro Rosa Fortini, o evento também elegeu os delegados que representarão a região na Conferência Estadual de Meio Ambiente, que acontecerá em  Belo Horizonte, em março de 2025. Delegados Eleitos: Sociedade Civil: Antônio Áureo, Demetrios Ervane, Maria do Rosário, Maria da Penha e Emanuele Lopes. Poder Público: Carlos Eduardo (CBH Piranga), Ramon Cosmos (CIMVALP) e Lucimeire (Câmara Municipal de Piedade de Ponte Nova). Setor Empresarial: Fernanda Carmo (Guaraciaba) e Gabriela Beltran (Ponte Nova).   A conferência abordou cinco eixos temáticos: Mitigação, Adaptação e Preparação para Desastres, Transformação Ecológica, Justiça Climática e Governança e Educação Ambiental. As discussões foram voltadas ao enfrentamento da emergência climática e ao fortalecimento das ações de reparação da Bacia do Rio Doce. Entre as propostas aprovadas estão a proteção de mananciais, o reflorestamento das margens, a implementação de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), e a inclusão das comunidades tradicionais nas ações de compensação de crimes ambientais, com responsabilidade das empresas e dos três poderes, elaboradas e implementadas por meio de consulta prévia, livre e informada. “Antes de qualquer licença para grandes empreendimentos, como mineradoras, é fundamental ouvir os moradores. A licença ambiental deve depender da nossa avaliação, pois somos nós que enfrentaremos os impactos, não quem está no governo, distante da nossa realidade” — destaca Maria da Penha, presidenta da associação de pescadores de Stª Cruz do Escalvado e delegada eleita, representante da sociedade civil à conferência estadual. A participação das comunidades tradicionais foi um dos destaques do evento, com representantes defendendo propostas que garantam seus direitos e a preservação de seus territórios. Esse processo reforça o compromisso de integrar essas vozes na construção de políticas ambientais e no enfrentamento dos desafios climáticos, com expectativa de continuidade na Conferência Estadual em março, em Belo Horizonte e na Conferência Nacional, que acontecerá em Brasília, no mês de junho.    

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